Como ser uma esposa perfeita (?)

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Encontrei alguns conselhos que revistas voltadas ao público feminino, dos anos 1950 e 1960, davam às mulheres brasileiras para serem uma esposa perfeita. É tudo tão surreal para nossa época que chega a ser cômico. Imaginem o que era ser uma mulher com pensamentos liberais naquele tempo. Foi aí que lembrei da minha amiga Adriane Canan, uma jornalista muito engajada nos direitos das minorias. Ela me ajudou na pesquisa sobre os movimentos que deram início às conquistas de igualdade entre homens e mulheres.

No entanto, antes de começarmos, veja as dicas das revistas brasileiras das décadas de 1950 e 1960 para ser uma “esposa perfeita”.

“A desordem em um banheiro desperta no marido a vontade de ir tomar banho fora de casa.” Jornal das Moças, 1965.

“Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa deve redobrar seu carinho e provas de afeto, sem questioná-lo.” Revista Cláudia, 1962.

“A mulher deve estar ciente que dificilmente um homem pode perdoar uma mulher por não ter resistido às experiências pré-nupciais, mostrando que era perfeita e única, exatamente como ele a idealizara.” Revista Cláudia, 1962.

“A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas, servindo-lhe uma cerveja bem gelada. Nada de incomodá-lo com serviços ou notícias domésticas.” Jornal das Moças, 1959.

“Sempre que o homem sair com os amigos e voltar tarde da noite, espere-o linda, cheirosa e dócil.” Jornal das Moças, 1958.

“Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas.” Jornal das Moças, 1957.

“É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido.” Jornal das Moças, 1957.

“Se o seu marido fuma, não arrume briga pelo simples fato de cair cinzas no tapete. Tenha cinzeiros espalhados por toda a casa.” Jornal das Moças, 1957.

“O lugar de mulher é no lar. O trabalho fora de casa a masculiniza.” Revista Querida, 1955.

“O noivado longo é um perigo, mas nunca sugira o matrimônio. Ele é quem decide – sempre.” Revista Querida, 1953.

“Mesmo que um homem consiga divertir-se com sua namorada ou noiva, na verdade ele não irá gostar de ver que ela cedeu.” Revista Querida, 1954.

Já imaginaram se não existissem as mulheres corajosas que enfrentaram as “regras” acima e trilharam caminhos de liberdade para todas nós?

A seguir, listo, para conhecermos e pensarmos, alguns exemplos de espaços de discussão e de conquistas das mulheres. Contudo, o debate tem de ser cotidiano, pois ainda há muito a ser conquistado para a igualdade:

*O Centro da Mulher Brasileira (CMB), fundado no Rio de Janeiro em 1975, tinha como propostas a formação de grupos de reflexão, a promoção de atividades para tornar visível a questão feminina e o combate ao papel subalterno da mulher na sociedade. O objetivo central desse trabalho consiste em investigar algumas possibilidades de análise abertas por meio de entrevistas realizadas com duas integrantes dessa entidade, mulheres que desempenharam um papel de destaque dentro do movimento feminista: a socióloga Moema Toscano e a deputada estadual Heloneida Studart.

O Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), criado em 1985 e vinculado ao Ministério da Justiça, tem como propósito promover políticas que visam eliminar a discriminação contra a mulher e assegurar sua participação nas atividades políticas, econômicas e culturais do país. Esse movimento torna as questões do movimento mais abrangentes, como o princípio da igualdade entre marido e mulher no casamento e a introdução do divórcio na Legislação brasileira.

Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006):  ”Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências”.

Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres – A Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) tem como principal objetivo promover a igualdade entre homens e mulheres e combater todas as formas de preconceito e discriminação herdadas de uma sociedade patriarcal e excludente.

No caso das mulheres do campo, o atual Movimento de Mulheres Camponesas, fundado, na década de 1980, com o nome de Articulação Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais, vem desenvolvendo a discussão de visibilidade e direitos dessas mulheres, que há pouco tempo conquistaram, por meio da luta, o direito à previdência, aos documentos da terra e a outras questões fundamentais para a autonomia e a dignidade.

Fontes:

Este post tem 5 comentários

  1. Janete Bridon

    Amei esse post, Leia…:-)

    1. Ser dona de casa não quer dizer ser subverniente ao marido, mas sim parceira dele no lar!

  2. Odete

    Léia, teu post me fez lembrar de alguns livros velhinhos para dona de casa que tenho aqui em casa. Quando vieres aqui te mostro as pérolas.

    1. Ai que legal, quero ver sim, ontem no final da tarde quase fui ai pegar os louros…hoje ser der eu vou…pode ser? bjsss

      1. Odete

        Venha, sim, estou quase boa…

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