Esses dias escutei uma senhora, toda orgulhosa, dizendo não saber nem o nome dos vizinhos, como se isto fosse uma grande virtude.
Fiquei pensando nos vizinhos lá de Urussanga, como Dona Ana, vizinha de minha mãe. Uma gaúcha com voz grossa e muito moderna para época, mas muito prestativa; e fiquei pensando também na relação de minha mãe com suas vizinhas. Qualquer bolinho era pretexto para levar um pedaço à vizinha e puxar uma conversa com ela.
Lembro também dos finais de tarde de verão, depois de jogar água na calçada e molhar as plantas do jardim, ela sentava na varanda para se refrescar e dizia aos que passavam – bom dia vizinho, – bom dia vizinha, respondiam. Muitos paravam para puxar papo. E assim iam levando a vidinha de interior, trabalhando em suas casas durante o dia, para no final de tarde ir na casa do vizinho ou recebê-lo para tomar um simples cafezinho.
Lembrei também de Dona Marta, uma italiana, daquelas mamas, que sempre que fazia minestra (sopa de feijão) e mandava me chamar porque sabia que eu adorava. E Dona Benigna, então, que de tanto fazer de conta que não percebia que eu roubava seus limãozinhos japones, me levou compotadas feitas dessa mesma fruta, de presente.
Essas gentilezas que possuíamos, eram tesouros que guardo com todo carinho no meu coração.
Hoje moro em Florianópolis e tenho uma vizinha que se chama Lúcia, uma mulher de raízes muito humildes e dignas, uma mulher elegante, linda e sábia que conserva em suas raízes a simplicidade dos pequenos gestos, como este vaso de hortênsias (foto) que ela mesma colheu do jardim para enfeitar a minha casa. Faz isto constantemente.
Todas as vezes que ela chega na minha casa, paro tudo o que estou fazendo, vou fazer um cafezinho para nós e ficamos, as duas, falando por algum tempo sobre a vida, os filhos e o trabalho, com toda gentileza e hospitalidade como convém a velhos e bons vizinhos!
O vaso da foto comprei no 1,99. Lindo, não?
Olá mana! Como foi bom lembrar de todos estes momentos que citaste.Que saudades!
Que delícia Léia, realmente a Lúcia é tudo isso e muito mais.Ainda consigo "mesmo na cidade" trocar delícias com a vizinha, lavar as calçadas e ter o privilégio de dar água de mangueira a um beija-flor quando faço a rega das plantas. Mas sei que isso é raridade, pois vizinhos que se "protegem e se gostam" estão em extinção. Deixa o tempo esfriar e vem comer o feijão com gosto de vó ou a minestrinha que modestias à parte fica 10.
Léia eu tive o grande privilegio de ter duas vizinhas maravilhosas, que hoje não são mais minhas vizinhas mais daquela época a 20 anos atráz ficou uma grande amizade. A Dulce era minha vizinha no Kobrasol e tu que foi minha vizinha no Roçado, quando tu estava esperando o Tutuia e a Milena era criança. Tempo bom aquele, tenho saudades.
ohhh!! Carmem lembro do gosto do teu cafezinho. Bom tempo aquele que nos rendeu uma amizade para a vida toda!
Bel, me deu até água na boca..ainda bem que tu não é minha vizinha, se não eu ia engordar horrores…kkkk
Leia me emocionei com o texto…muito real nas nossas vidas e na infancia de cada um, esta convivencia com os vizinhos….lembra coisas de vozinha… e lendo tudo isto me lembrei de uma grande vizinha . Dona Terezinha e suas filhas, la pras bandas de Porto Alegre, quando morei por la nos idos anos 80…gauchas maravilhosas que me ajudaram muito…imagina eu chegando com a minha familia, 3 filhos pequenos, 1 recem nascido, sem noção da cidade grande e com expectativa da vida nova….foi muito chocante e graças a estas almas minha passagem por Porto foi gratificante. Parabéns pelo texto!!!
Que lindas flores e também o carinho de quem as colheu e entregou a você… eu também tenho alguns visinhos bem legais, dona Algusta por exemplo, um amor de pessoa sempre tão bondosa e caprichosa… mas nem todos são assim… que pena!!!
Daniela
http://pedacinhosdemim-daniela.blogspot.com/
Eu quero uma vizinha dessa pra mim. Lindas flores no lindo vaso.
Beijos
Oi Amada cunhada! Como é gostoso saber que, cultivando boas amizades, teremos nosso coração preenchido de amor e paz. E estas, muitas vezes, estão ao nosso lado, como nossas vizinhas. Hoje ainda, recebi a visita de minha vizinha, trazendo um mimo de seu neto para mim, que coisa maravilhosa. Pequenos gestos podem nos alimentar a alma. Linda as flores que recebeste…Parabéns por seres tão carinhosa. Beijossss Sonia.
É verdade os vizinhos faziam parte da família, aliás era tão comum participarem, opinarem… era uma vida muito boa, um ajudava o outro, não tinha cobranças era tudo feito com a maior naturalidade…Percebo que as pessoas estão mais frias em relação a isto, outros tempos né… tentamos aqui ter uma certa amizade que vai além do bom dia e boa noite, mas as coisas mudaram…infelizmente…ficam apenas as recordações daquela vidinha boa da nossa terra…a Benedeta Urussanga…
Léia, adorei como você fez a gente voltar no tempo e já gosto dessa sua vizinha, onde o afeto é demonstrado de maneira simples e espontânea.
É verdade Marga, a gente sente falta disso nessa nossa correria!
Léia , viajei no tempo lendo esse post , amei recordar dos vizinhos , de quando criança , ma ra vi lho sos , nossa muito bom , obrigado a todos !!